quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Manhã chuvosa

Já era hora de levantar da cama, não sabia ao certo o que faria naquele dia tão frio e chuvoso. Foi até a cozinha, preparar o café e sentar na varanda, para ver a garoa fina que caia lá fora. As gotas de chuva tão leves escorriam pelo vidro de maneira constante e trêmula, como seus olhos agora estavam. Não suportou mais o vazio daquele céu nublado, queria mais, queria ir além. Pegou o telefone, tentou enxergar por entre os olhos marejados, mas nem sabia mais o que estava fazendo. Tudo o que sentia agora era um medo enorme de ter deixado para trás sua vida, seu amor, sua existência.
Passou a manhã deitada, esperando que algo acontecesse assim, de uma hora para outra..mas nenhum sinal de que este dia seria diferente. Quando o telefone tocou, seu coração disparou, mas era apenas mais uma oferta de produtos que sabia ser inúteis para si..Resolveu que sairia daquele buraco, que assim não poderia continuar a viver.
Colocou uma roupa surrada, pegou o guarda-chuva e estava disposta a enfrentar aquele tempo fechado, só para dar uma volta pelo bairro e arejar os pensamentos. A campainha tocou, só poderia ser a vizinha chata, reclamando da reforma do banheiro que fazia muito barulho e ainda causava vazamento em seu apartamento! Abriu a porta sem muito ânimo, quando deparou-se com uma criança, sorrindo, completamente molhada, por conta da chuva que aumentava lá fora.
- "Oi?"
- "Eu vim brincar com o Pedrinho!"
- "Desculpe, ele não mora mais aqui"
- "Não?!? Mas e agora? Minha mãe já foi embora, estava com pressa, tinha que me deixar aqui e ir para o trabalho!"
- "Você tá brincando comigo ne??Não é possível que sua mãe seja uma louca, que sai por ai deixando os filhos na casa dos outros assim, sem mais nem menos e.... espera..desculpe! Não foi isso que eu quis dizer..Entre, você está molhado!"
- "Obrigado" - disse o garoto limpando os olhos já cobertos de lágrimas!
Entrou em sua casa, agora o dia estava realmente perdido!Não poderia sair, não conseguia falar com a mãe do garoto, então só lhe restava deixar de lado a cara amarrada e fazer deste dia um dia melhor do que havia começado.

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