domingo, 4 de dezembro de 2011

Eternidade

                Aquele silêncio desejado durante o dia agora causava incomodo, os pensamentos passavam rápidos por seus olhos fechados. Virou-se para o lado tentando enfim adormecer, mas, percebeu com irritação que sua tentativa havia sido mal sucedida. Virou-se novamente e não foi capaz de conter as palavras que lhe escapavam como o ar que passava automaticamente por seus pulmões:
                -Você nunca teve medo de não nos encontrarmos? De passarmos lado-a-lado procurando direções diferentes? -Surpreendeu-se quando o ouviu responder com um sussurro, talvez o tivesse acordado com toda aquela movimentação.
                -Para falar a verdade, sempre soube de coração que nos encontraríamos, nem que precisasse procurar por diversos mundos, através dos séculos, nossos caminhos certamente se tornariam o mesmo.
                O silêncio tornou a reinar, ouviu sua própria respiração, os pensamentos continuavam velozes. -Boa noite! - ouviu-o dizer. Sorriu, naquele momento não sentia sono, mas, seu corpo cansado merecia um descanso. Tentou ritmar sua respiração a dele e  fechou novamente os olhos, o dia seguinte logo chegaria. 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O presente

Andava apressado, olhando no relógio a cada instante, correndo contra o tempo. Tentou ligar para Carmen, mas só dava caixa postal. Sabia que não conseguiria chegar no horário combinado. Receoso, corria por entre os carros que estavam parados no trânsito. Seus olhos fixos nas largas passadas. Continuava a tentar ligar, mas ainda em vão.
Pensou em pegar um táxi, mas com aquele congestionamento não adiantaria.
Viu uma vitrine, parou diante dela e sorriu. Ali estava o presente perfeito! Ela iria amar! Comprou-lhe um lindo casaco, em couro legítimo, última peça na liquidação!
Já estava mais do que atrasado, mas agora não importava mais!Tinha o presente ideal, tinha um lindo cartão e na ponta da língua a poesia que decorara.
Chegou meia hora atrasado, procurando Carmen em todas as mesas do restaurante, mas não a encontrara.
Teria ido embora? Pensou triste, com o rosto abatido.
Às voltas com seus pensamentos, sequer percebeu quando um papel pousou em sua mesa. Era um bilhete escrito com batom: Estou a tua espera, não saia daí!
Seu coração disparou, um sorriso brotou em seus lábios.
Pediu um drink, para relaxar um pouco enquanto esperava pela amada. De repente, todas as luzes do restaurante apagaram-se e sem entender nada, Júlio levantou-se.
Uma claridade surgiu em sua frente, como se alguém andasse com um castiçal em mãos..
Ouviu o som de um violino, vindo do fundo do restaurante, e no centro, uma luz azulada fez surgir um rosto conhecido, era Carmen, segurando um lindo ramalhete de lírios brancos, enquanto o violinista aproximava-se.
Júlio não sabia o que estava acontecendo, não conseguia entender e nem mover-se.
Carmen foi chegando cada vez mais perto, deu-lhe um abraço e sussurrou em seu ouvido:
"Feliz 25 anos de casamento!"